Uma semana linda em Monterrey
nov 23, 2024
Je Tsongkhapa, cujo nome de ordenação era Losang Dragpa, foi um grande mestre budista tibetano do século 14, que fomentou o budismo Kadampa que Atisha havia introduzido três séculos antes.
A aparição de Je Tsongkhapa no Tibete havia sido prevista por Buda.
Je Tsongkhapa pacientemente ensinou aos tibetanos tudo o de que eles precisavam para o seu desenvolvimento espiritual, do passo inicial para entrar numa prática espiritual até a realização final da budeidade.
Era então a época de ouro do Tibete, e milhares de tibetanos foram inspirados pelo exemplo imaculado de Je Tsongkhapa, de pura disciplina moral, grande compaixão e profunda sabedoria libertadora.
Os seguidores de Je Tsongkhapa ficaram conhecidos como os “novos Kadampas”, e hoje em dia budistas Kadampas em todo o mundo estudam seus ensinamentos e tentam imitar seu puro exemplo.
Uma prece comum entre os budistas Kadampas é:
Possa eu encontrar a doutrina do Conquistador Losang Dragpa,
Que tem a pura prática da disciplina moral imaculada,
A prática corajosa de extensivos feitos de um Bodissatva
E os iogas dos dois estágios para o supremo êxtase e vacuidade.
As qualidades especiais de Je Tsongkhapa
Em Tantra Raiz de Manjushri Buda Shakyamuni fez uma previsão sobre como Manjushri mais tarde emanaria como Je Tsongkhapa:
Depois de minha morte
E quando minha doutrina pura estiver ausente,
Tu aparecerás como um ser comum,
Que executará os feitos de um Buda
E fundará a Terra Alegre, o Grande Protetor,
Na Terra das Neves.
Tais palavras revelam as qualidades especiais de Je Tsongkhapa.
O terceiro verso explica que, apesar de ser uma manifestação de Manjushri, o Buda da Sabedoria, Je Tsongkhapa preferiu não expor sua origem divina, mas apresentar-se como um humilde praticante. Ele nunca demonstrou em público seus poderes miraculosos ou clarividência e sempre encorajou seus discípulos a fazerem o mesmo.
Je Tsongkhapa dedicou-se principalmente a implantar o Budhadharma no Tibete. Em vez de mostrar seus poderes miraculosos, concentrou-se em ensinar o Dharma e inspirar as pessoas com seu bom exemplo. Como resultado, muitos praticantes obtiveram realizações puras e autênticas do Sutra e do Tantra. É esse o significado do quarto verso.
O nome Terra Alegre na quinta linha refere-se à terra pura de Buda Maitreya, também conhecida como “Tushita” em sânscrito e “Ganden” em tibetano, para onde Je Tsongkhapa foi depois de morrer. Je Tsongkhapa foi o fundador do grande “monastério Ganden”, no Tibete. Ali, ele viveu muitos anos e difundiu ensinamentos puros, que se tornaram conhecidos como a “doutrina Ganden”.
Essa doutrina é um Buddhadharma especial e puro que vem da sabedoria de Manjushri, recebeu o título de “O Grande Protetor”, pois protege os seres vivos que estão se afogando no oceano de sofrimento do samsara. Todos esses fatos servem como indicação de que Je Tsongkhapa foi uma manifestação de Buda Maitreya, o Protetor das Centenas de Deidades da Terra Alegre. Embora atualmente sua tradição seja conhecida como “Gelug”, ou “tradição virtuosa”, e seus seguidores, como “Gelugpas”, não devemos esquecer que o nome original, “Ganden”, foi dado pelo próprio Buda Shakyamuni. É assim que deve ser entendido o termo Terra Alegre no quinto verso.
Conforme Buda predisse, Je Tsongkhapa nasceu no Tibete, a Terra das Neves, onde viveu de 1357 a 1419. No momento de seu nascimento, uma gota de sangue de sua mãe caiu no solo e ali brotou uma árvore de sândalo branco de cem mil folhas. Em cada folha havia uma imagem de Buda Sengei Ngaro – o mesmo continuum mental de Buda Manjushri, indicando que aquela criança era uma manifestação de Manjushri.
Posteriormente, o III Dalai Lama, Sönam Gyatso, disse que aquela preciosa árvore era um objeto de oferendas e devoção. Levou-a, então, para um monastério das redondezas onde a colocou dentro de uma estupa de prata e lhe fez extensas oferendas. Esse monastério tornou-se conhecido como Kumbum, ou o Monastério das Cem Mil Imagens. Mais tarde árvores semelhantes cresceram ao redor da estupa e suas folhas também exibiam símbolos especiais. Algumas portavam as letras do mantra de Manjushri, AH RA PA TSA NA DHI, e outras, a letra-semente de Manjushri, DHI. Quando essas preciosas folhas caíam no outono, elas eram recolhidas e transformadas em pó medicinal. Usando-o, muitas pessoas se curavam de doenças e desenvolviam sabedoria.
Je Tsongkhapa deu um exemplo perfeito de como construir as bases do caminho espiritual, progredir nele e completá-lo. Primeiro, estudou todo o Dharma dos sutras e dos tantras, confiando sinceramente em seus Guias Espirituais; depois, colocou esse conhecimento em prática e obteve todas as realizações, desde confiar no Guia Espiritual até a união do não-mais-aprender, ou budeidade.
Desde então, seguindo o exemplo inspirador de Je Tsongkhapa e praticando sinceramente seus ensinamentos, milhares de praticantes atingiram a felicidade última da budeidade em apenas uma vida. Mesmo hoje em dia, os praticantes sinceros que seguirem o puro Dharma de Je Tsongkhapa poderão obter esses resultados.
Se, ao invés de dar ensinamentos e bom exemplo, Je Tsongkhapa tivesse se dedicado a exibir poderes miraculosos e clarividência, poucos seriam os benefícios que usufruiríamos de suas ações hoje. O que mais precisamos é de um exemplo a seguir. Je Tsongkhapa fez de sua vida esse exemplo: mostrou como podemos ingressar num caminho espiritual inequívoco, como praticá-lo de modo confortável e fácil e como completá-lo com sucesso. Esse é o método efetivo para solucionar nossos problemas diários.
Como Je Tsongkhapa nos forneceu exatamente esse exemplo, devemos reconhecer sua imensa bondade e desenvolver fé e respeito imutáveis por ele.
Je Gendundrub, o primeiro Dalai Lama, escreveu um elogio especial a Je Tsongkhapa, chamado Canção da Montanha da Neve do Leste, ou Shargangrima, em tibetano. Nesta canção, ele diz para Je Tsongkhapa:
Para o povo afortunado do Tibete, a Terra das Neves, tua
bondade, ó Protetor, é inconcebível.
Especialmente eu, Gendundrub, um indolente,
Devo unicamente à vossa bondade, ó Veneráveis Pai e Filhos,
O fato de minha mente ter se voltado para o Dharma.
Doravante, até que eu atinja a iluminação,
Não buscarei outro refúgio senão em vós.
Ó Veneráveis Pai e Filhos,
Por favor, cuidai de mim com compaixão.
Embora não possa retribuir tua bondade, ó Protetor,
Rezo para que, livre da influência do apego e da raiva,
Possa eu lutar para preservar tua doutrina e fazê-la florescer,
Sem nunca abandonar essa missão.
O Guru Ioga de Je Tsongkhapa
Existem duas maneiras principais de praticar o Guru Ioga de Je Tsongkapa: de acordo com o sadhana Coração Joia e de acordo com o sadhana Oferenda ao Guia Espiritual
Com a primeira, praticamos o Guru Ioga de Je Tsongkhapa de acordo com a linhagem Segyu. Meditamos em nosso Guru raiz no aspecto de Je Tsongkhapa – a corporificação de Avalokiteshvara, Manjushri e Vajrapani, oferecemos os sete membros e a oferenda de mandala, fazemos pedidos com a prece Migtsema, e depois nos envolvemos nas etapas da prática de profunda meditações.
Se praticarmos sinceramente desse modo, podemos purificar nosso carma negativo e obstáculos, bem como aumentar nosso mérito, duração de vida e realizações de Dharma.
Porque Je Tsongkhapa é, ao mesmo tempo, uma emanação de Avalokiteshvara – a corporificação da compaixão de todos os Budas-, de Manjushri (a corporificação da sabedoria dos Budas) e de Vajrapani (a corporificação do poder dos Budas), aumentaremos facilmente todas as nossas realizações de compaixão, sabedoria e poder espiritual.
Destes, é especialmente importante aumentar nossa sabedoria, porque a sabedoria é o antídoto para a ignorância, a raiz de todo o nosso sofrimento. Como Buda diz no Sutra da Perfeição da Sabedoria, aqueles que não têm sabedoria são como pessoas cegas que continuamente experimentam problemas e sofrem porque não podem ver.
O melhor método para aumentar nossa sabedoria, e desse modo nos proteger contra o sofrimento, é praticar o guru ioga de Je Tsongkhapa, uma vez que ele é uma manifestação da sabedoria de todos os Budas.
Com base em pacificar nossa negatividade e obstáculos e aumentar nosso tempo de vida, mérito, compaixão, sabedoria e poder espiritual, se confiarmos nessa prática, obteremos facilmente todas as realizações do Sutra e do Tantra e, por fim, alcançar a união do não-mais-aprender, ou budeidade.
Como os seguidores de Je Tsongkhapa têm uma conexão especial com ele, todos esses resultados benéficos de entrar na doutrina de Je Tsongkhapa podem ser alcançados com grande facilidade pela prática desse Guru Ioga.
Como disse o Mahassida Menkhangpa:
Dharma inequívoco é o Lamrim, o Lojong e o Mahamudra.
Nesse contexto, Mahamudra refere-se ao Mahamudra Vajrayana, que contém as práticas do estágio de geração e de conclusão do mantra secreto. Esses três Dharmas – Lamrim (as etapas do caminho), Lojong (o treino da mente) e o Mahamudra – são o coração da doutrina de Je Tsongkhapa e a verdadeira essência do Budadharma.
Para obter as realizações desses Dharmas precisamos receber as poderosas bênçãos de Je Tsongkhapa por meio da prática sincera das preces Ganden Lhagyäma e Migtsema.
Para saber mais sobre Je Tsongkhapa veja em Joia Coração e Grande Tesouro de Mérito.
Leia os ensinamentos condensados do Lamrim por Je Tsongkhapa.