Três Continentes, Um Propósito: retiros para uma mente pacífica
dez 2, 2024
O budismo em geral ensina que o apego é uma delusão que deve ser evitada e abandonada em última instância, mas o mantra secreto apresenta um método para transformar o apego em caminho espiritual.
Entretanto, a prática desse método exige uma grande habilidade. No mantra secreto, usamos o apego para gerar grande êxtase e, depois, usamos essa mente de grande êxtase para meditar sobre a vacuidade. A transformação do apego só ocorrerá se formos capazes de fazer isso.
O apego por si mesmo não pode ser usado diretamente como caminho, porque apego é uma delusão e mesmo no mantra secreto deve ser por fim abandonado. Na verdadeira prática do mantra secreto, o êxtase gerado pelo apego medita sobre a vacuidade e desse modo supera todas as delusões, inclusive o próprio apego.
Isso se assemelha ao modo como o fogo é produzido pelo atrito de dois pedaços de madeira e acaba por consumir a madeira da qual se originou.
Essas práticas de transformação não são possíveis para pessoas inábeis ou cuja mente não foi treinada. Por essa razão, os iogues e grandes meditadores do passado disseram que, para se atingir as realizações do mantra secreto, primeiro precisamos controlar nossa mente com o treino nas etapas do caminho do sutra. Se não construirmos essa base sólida, será impossível obtermos uma experiência pura do mantra secreto.
Portanto, é muito importante que o Guia Espiritual e o discípulo, ambos tenham mentes controladas e uma motivação impecável. Embora possamos nos considerar budistas e tomarmos refúgio nas Três Joias todos os dias, isso apenas não basta para a prática do mantra secreto.
Devemos perceber que o grande êxtase espontâneo do estágio de conclusão do mantra secreto não é igual ao prazer comum que se experimenta no auge do ato sexual.
O grande êxtase espontâneo só pode ser experimentado quando, pela força da meditação, conseguimos fazer com que nossos ventos interiores entrem, permaneçam e se dissolvam dentro do canal central, provocando assim o derretimento da gota branca, que então flui pelo canal central.
A utilização do grande êxtase espontâneo para realizar a vacuidade foi o ponto central da prática dos grandes mestres do mantra secreto na Índia antiga, como Saraha, Nagarjuna, Tilopa, Naropa e Maitripa e dos grandes mestres tibetanos, como Marpa, Milarepa, Gampopa e Je Tsongkhapa.
Assim como no passado, o caminho supremo dos meditadores contemporâneos do mantra secreto rumo à perfeita iluminação continua sendo a união de grande êxtase espontâneo e vacuidade.
Para mais informações veja Solos e Caminhos Tântricos e Clara Luz de Êxtase.