NotÃcias dos Retiros do FPós Festival de Outono
nov 13, 2024
O trecho que se segue foi extraÃdo de uma palestra feita pelo Venerável Geshe Kelsang na abertura do Primeiro Templo Kadampa em agosto de 1997.
No inÃcio, quando esboçamos os primeiros desenhos deste local, estávamos nos baseando no mandala de Buda Heruka, que é o Buda da Compaixão no tantra ioga superior. Sob esse prisma, este prédio possui várias preeminentes qualidades, que indicam que não é um local comum.
O Templo possui quatro entradas e é rodeado por oito sinais auspiciosos. Em cima de cada entrada, há dois cervos e uma Roda do Dharma. No topo, há um vajra dourado de cinco pontas. Esses elementos caracterizam as preeminentes qualidades do Templo como um lugar sagrado.
As quatro entradas simbolizam as quatro portas da libertação. Estas são vários tipos de realização de sabedoria, explicadas no texto Essência do Vajrayana. São as quatro portas pelas quais ingressamos no caminho à libertação. Elas são as compreensões básicas, que são métodos para alcançarmos a libertação permanente do sofrimento.
As quatro portas simbolizam o mesmo que as quatro faces de Heruka. Elas nos ensinam que, se quisermos alcançar a libertação permanente do sofrimento, temos de ingressar por essas portas, ou seja, gerar as quatro realizações especiais de sabedoria que compreendem a verdade última das coisas; que compreendem diretamente o modo como as coisas efetivamente existem.
Portanto, as quatro portas nos ensinam o caminho espiritual. Sempre que virmos quaisquer das quatro portas do Templo, devemos nos lembrar que, se realmente queremos alcançar a libertação permanente do sofrimento e dos problemas, temos de entrar por uma das portas à libertação. Sempre que ali entrarmos, devemos imaginar: ‘Estou entrando no portal, ou atravessando a porta à libertação’. Isso irá gravar uma marca mental especial em nossa mente, ou potencial, ou carma.
Existem muitas explicações detalhadas sobre as quatro portas. De acordo com o sutra, existem três portas à libertação, mas de acordo com o tantra ioga superior existem quatro. Contudo, não há contradição. Mais tarde poderemos compreender esse ponto com mais detalhes.
Este Templo está rodeado pelos oito sinais auspiciosos:
Eles mostram como avançar ao longo do caminho budista à iluminação.
O guarda-sol simboliza o guarda-sol da comunidade budista e ensina que aqueles que têm o desejo sincero de avançar no caminho budista à iluminação, devem primeiro ingressar na famÃlia budista, o que significa tomar refúgio nas Três joias e se tornar um budista.
Não estamos dizendo que os budistas são bons e que os outros não são. Dizemos apenas que aqueles que desejam avançar ao longo do caminho budista à iluminação devem ingressar no budismo, porque fora do budismo não será possÃvel avançar no caminho budista!
Assim, temos de entrar, sem hesitação alguma, sem dúvidas, com 100% de certeza, entrar e depois avançar numa direção; assim, ano a ano, mês a mês, vocês farão progressos. Portanto, a primeira coisa importante é ingressar no budismo e, depois, entender como iniciar, fazer progressos e concluir as etapas do caminho à iluminação.
O peixe simboliza harmonia e paz, e ensina que sob este guarda-sol, vocês devem sempre viver em harmonia e paz. Sempre que virem um peixe, por favor, lembrem-se disso – é muito importante.
Isso vale não apenas para os budistas, mas para qualquer comunidade, sociedade e famÃlia, sejam pequenos ou grandes grupos… cada indivÃduo deve viver em harmonia e paz. É claro que isso é muito importante. Assim, os dois peixes brincando devem nos lembrar de sermos felizes, serenos e harmoniosos. Embora eles sejam animais, estão se divertindo em harmonia e paz – é o que nós também precisamos!
O vaso simboliza riqueza e ensina que os praticantes budistas sempre desfrutam das riquezas interiores da nossa fé, disciplina moral, estudos e prática de Dharma; de beneficiar os outros, de possuir senso de vergonha, consideração pelos outros e sabedoria. Estas são as sete riquezas.
É claro que normalmente todos consideram riqueza exterior, dinheiro e boas condições como importantes, mas os praticantes budistas acreditam que a riqueza interior é mais importante, pois ela torna nossa mente feliz o tempo todo e nos ajuda tanto nesta vida como nas vidas futuras.
A primeira riqueza, fé no santo Dharma, torna nossa mente serena, calma e pura, de modo que percebemos tudo como puro. Então, não há dificuldades ou bases para termos problemas, pois quando a mente é pura, percebemos tudo como puro. Se a mente for impura, negativa, raivosa, ciumenta e com outras visões errôneas, perceberemos tudo como mau e desagradável; surgirão crÃticas, brigas, discussões, desarmonia e outras dificuldades. A fé torna nossa mente pura, e com uma mente pura nos tornamos seres puros.
Enquanto a fé no santo Dharma torna nossa mente pura, a prática de disciplina moral torna as nossas ações fÃsicas e verbais puras. Desse modo, esses tipos de riqueza interior vão transformar vocês em seres puros, sagrados.
Estudar e praticar o Dharma é a riqueza mais importante, porque sabedoria é algo muito benéfico. Ela nos protege, à nós e aos outros, e nos ensina tudo.
Beneficiar os outros é dar coisas materiais, ensinamentos de Dharma, amor e proteção ou destemor – ou seja, é ajudar os outros de todas as maneiras. Estas ações vêm do nosso bom coração e são qualidades interiores lindas, maravilhosas.
A quinta sabedoria senso de vergonha, é uma qualidade mental especial que sempre pensa, por exemplo: ‘Não posso fazer más ações porque sou um budista, porque sou um praticante… etc.’. Também pensa: ‘Não posso matar porque sou um ser humano’; ‘Não posso destruir a vida espiritual e a felicidade dos outros porque sou um praticante espiritual’ etc. Esta é uma boa qualidade interior, uma riqueza muito especial.
Existem muitas pessoas no mundo que destroem outras vidas, ambientes e alegrias devido à falta de senso de vergonha. Portanto, o senso de vergonha é uma riqueza interna especial que torna as pessoas grandes seres especiais.
Com consideração pelos outros pensamos, por exemplo: ‘Não posso fazer más ações porque as outras pessoas vão sofrer. Não posso prejudicar as outras pessoas porque elas vão sofrer’; estamos sempre pensando que os outros são importantes. Por exemplo, ‘Não posso matar porque este ser vai sofrer’; ‘Não posso roubar porque as pessoas vão ter problemas’; ‘Não posso destruir a felicidade dos outros porque a felicidade deles também é importante’. Esse tipo de atitude é uma riqueza interior muito especial. Ela torna nossa vida espiritual rica.
Sabedoria é a melhor riqueza – nosso melhor amigo. Sabedoria é a melhor riqueza porque ela pode ser usada em qualquer situação, em qualquer paÃs. Não pode ser roubada por ladrões. A sabedoria pode ser usada em qualquer circunstância. Sabedoria é o melhor amigo para nos ajudar. Ela nos diz tudo o que devemos e não devemos fazer. Se tivermos sabedoria interior não precisamos buscar os conselhos de outras pessoas; sua sabedoria ensina tudo, qual é a direção a seguir, aonde ir e assim por diante.
Assim, o vaso simboliza riqueza e ensina que devemos sempre desfrutar de riquezas interiores, como fé e sabedoria. Não devemos nos agarrar muito aos prazeres exteriores, porque não sabemos se eles irão nos trazer felicidade ou sofrimento. É claro que precisamos de felicidade humana, mas também precisamos de menos agarramento, de menos apego. Se em vez disso desfrutarmos de riqueza interior, não haverá perigo – você será sempre feliz.
A flor de lótus simboliza pureza, o que indica que precisamos nos esforçar bastante para nos tornar um ser puro, praticando o estilo de vida do Bodissatva – cultivar e manter um bom coração e, então, tentar praticar ações iguais a de um Bodissatva. Em outras palavras, o lótus nos lembra que não devemos continuar sendo um ser impuro, um ser ignorante, mas, sim, lutar para nos tornar um ser puro, praticando o estilo de vida do Bodissatva.
A concha simboliza a joia Dharma e ensina que devemos efetivar a joia Dharma, a realização das etapas do caminho à iluminação dentro da nossa mente. Essas realizações nos protegem diretamente contra o sofrimento e os problemas.
O nó da eternidade simboliza uma qualidade particular de realização de um Buda – sua realização de sabedoria onisciente – e o estandarte da vitória simboliza uma qualidade particular de abandono de um Buda – seu abandono das delusões e aparências equivocadas.
Esses dois sinais juntos, o nó da eternidade e o estandarte da vitória, indicam que obtendo a joia Dharma, a realização das etapas do caminho à iluminação, vamos alcançar essas duas qualidades particulares de Buda.
A Roda do Dharma indica que tendo alcançado essas duas qualidades particulares de Buda, agora temos a habilidade para conduzir todos os seres vivos à libertação definitiva do sofrimento, principalmente, por meio de girar a Roda do Dharma, ou seja, dar ensinamentos de Dharma. Esta é nossa meta final.
Assim, os oito sinais auspiciosos mostram como iniciar, avançar e completar o caminho espiritual. Primeiro, precisamos obter a realização das etapas do caminho. Por meio disso, vamos alcançar as duas qualidades particulares de Buda; e com elas, teremos a habilidade para conduzir todos os seres à libertação definitiva do sofrimento, dando-lhes ensinamentos de Dharma; ou seja alcançaremos nossa meta final.
Portanto, o simbolismo deste Templo rodeado pelos oito sinais auspiciosos nos lembra que devemos pôr em prática o significado desses sinais e incorporá-los à nossa vida diária.
Acima de cada porta há dois cervos e uma Roda do Dharma, e no topo do Templo há um vajra. Juntos, eles simbolizam as etapas do caminho do tantra ioga superior. Os oito sinais auspiciosos simbolizam em geral como avançar ao longo do caminho budista, e os cervos, a Roda do Dharma e o vajra no topo ensinam-nos as etapas do caminho do tantra ioga superior.
O cervo macho simboliza a realização de grande êxtase, o cervo femêa, a realização da vacuidade, e a Roda do Dharma, a união de êxtase e vacuidade. Ao avançar nessa união de grande êxtase e vacuidade, por fim vamos alcançar as cinco sabedorias oniscientes de um Buda, que são simbolizadas pelo vajra de cinco pontas no topo.
Em resumo, o simbolismo do Templo é o seguinte: fazendo avanços na prática básica, simbolizada pelos oito sinais auspiciosos, e então avançando na prática particular do caminho espiritual do tantra ioga superior, que é a união de grande êxtase e vacuidade, por fim, alcançaremos as cinco sabedoria oniscientes de Buda.
Desse modo, podemos compreender que esse Templo não é comum, mas um lugar sagrado.