O que há no CMK Madrid, Espanha
dez 20, 2024
Quando chegou ao Tibete, o Venerável Atisha foi para Ngari, onde permaneceu por dois anos e deu muitos ensinamentos aos discípulos de Jang Chub Ö.
Passado dois anos, Atisha decidiu voltar para a Índia, e Jangchub Ö solicitou-lhe um último ensinamento.
Atisha respondeu que havia dado todos os conselhos de que necessitavam, mas diante da insistência de Jang Chub Ö, concordou em dar-lhes os seguintes conselhos:
Que maravilhoso!
Amigos, vocês têm grande conhecimento e claro entendimento, enquanto eu não sou importante e tenho pouca sabedoria. Assim, não é apropriado que me peçam conselhos. No entanto, uma vez que vocês, meus queridos amigos a quem tanto prezo, estão pedindo, darei esses conselhos essenciais vindos de minha mente infantil e inferior:
Amigos, até que atinjam a iluminação, o mestre espiritual é indispensável; logo, confiem no sagrado Guia Espiritual.
Até que realizem a verdade última, ouvir é indispensável; logo, ouçam as instruções do Guia Espiritual.
Já que não podem se tornar um Buda pelo mero entendimento intelectual do Dharma, pratiquem intensamente com discernimento.
Evitem lugares que perturbem sua mente e permaneçam sempre naqueles onde suas virtudes aumentem.
Até que tenham atingido realizações estáveis, as diversões mundanas são prejudiciais; logo, permaneçam onde não haja tais distrações.
Evitem os amigos que causam o aumento das delusões e confiem naqueles que aumentam suas virtudes. Guardem esse conselho no coração.
Já que as atividades mundanas nunca têm fim, restrinjam suas atividades.
Dediquem suas virtudes, dia e noite, e sempre vigiem a mente.
Por terem recebido conselhos, quando não estiverem meditando, pratiquem sempre de acordo com as palavras do seu Guia Espiritual.
Se praticarem com grande devoção, os resultados surgirão imediatamente, sem que seja preciso esperar muito tempo.
Se praticarem com sinceridade de acordo com o Dharma, alimentos e recursos chegarão naturalmente em suas mãos.
Amigos, as coisas que desejam trazem tanta satisfação quanto beber água do mar; logo, pratiquem o contentamento.
Evitem todas as mentes desdenhosas, vaidosas, orgulhosas e arrogantes e permaneçam tranquilos e mansos.
Evitem as atividades que, embora consideradas meritórias, de fato, são obstáculos ao Dharma.
Lucro e respeito são armadilhas dos maras; afastem-nos como se fossem pedras no caminho.
Fama e palavras de elogio servem apenas para nos seduzir; logo, soprem-nas para longe como se assoassem o nariz.
Já que a felicidade, o prazer e os amigos que reuniram nesta vida só duram um instante, coloquem-nos todos em segundo plano.
Já que as vidas futuras duram muito tempo, reúnam riquezas para abastecer o futuro.
Já que terão que partir deixando tudo para trás, não se apeguem à coisa alguma.
Gerem compaixão pelos seres inferiores e, especialmente, evitem desprezá-los e humilhá-los.
Não sintam ódio por inimigos nem apego por amigos.
Não tenham inveja das boas qualidades alheias, mas, por admiração, adotem-nas pessoalmente.
Não procurem falhas nos outros, procurem-nas em si mesmos e purguem-nas como se fossem sangue ruim.
Não contemplem suas boas qualidades, contemplem as boas qualidades dos outros e respeitem todos eles como um servo o faria.
Vejam todos os seres vivos como pais e mães e amem-nos como um filho o faria.
Mantenham sempre uma expressão sorridente e uma mente amorosa e falem sinceramente, sem maldade.
Se falarem muito, dizendo coisas sem sentido, vão se equivocar; logo, falem com moderação e só quando necessário.
Caso se envolvam em muitos afazeres sem sentido, suas atividades virtuosas vão se degenerar; logo, interrompam as ações que não sejam espirituais.
É completamente inútil investir esforço em atividades que não têm essência.
Se seus desejos não se realizarem, será pelo carma que foi criado há muito tempo; logo, mantenham uma mente feliz e descontraída.
Cuidado, ofender um ser sagrado é pior do que morrer; logo, sejam honestos e diretos.
Já que a felicidade e o sofrimento desta vida surgem de ações passadas, não culpem os outros.
Toda felicidade advém das bênçãos do seu Guia Espiritual; logo, retribuam sempre sua bondade.
Já que não podem domar as mentes alheias sem primeiro terem domado a sua, comecem por domar sua própria mente.
Já que terão que partir sem a riqueza que acumularam, não acumulem negatividade em nome de riqueza.
Prazeres distrativos não têm essência; logo, pratiquem o dar sinceramente.
Mantenham sempre pura disciplina moral, pois isso resulta em beleza nesta vida e em felicidade futura.
Já que o ódio é abundante nestes tempos impuros, vistam a armadura da paciência, libertos de raiva.
É o poder da preguiça que os mantém presos ao samsara; logo, acendam a chama do esforço da aplicação.
Já que esta vida humana é desperdiçada em distrações, agora é a hora de praticar concentração.
Sob a influência de visões errôneas, não se pode compreender a natureza última das coisas; logo, investiguem os significados corretos.
Amigos, não existe felicidade nesse pântano, o samsara; assim, mudem-se para o solo firme da libertação.
Meditem de acordo com o conselho do seu Guia Espiritual e drenem o rio do sofrimento samsárico.
Avaliem muito bem tudo o que foi dito, pois não são apenas palavras vindas da boca, mas conselhos sinceros vindos do coração.
Se praticarem dessa forma, irão me deleitar e criar felicidade para si mesmos e para os outros.
Eu, em minha ignorância, peço que acolham esses conselhos em seu coração.
Esses são os conselhos que o ser sagrado, o Venerável Atisha, deu ao Venerável Jang Chub Ö.
Tradução © Geshe Kelsang Gyatso & Nova Tradição Kadampa