Oceano de Néctar

A Verdadeira Natureza de Todas as Coisas

Por Geshe Kelsang Gyatso

Texto raiz, Guide to the Middle Way, disponível como um audiolivro em CD

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Quando Buda ensinou os sutras Perfeição de sabedoria, ele explicou a verdade última, a vacuidade, mencionando todas as diferentes categorias dos fenômenos e mostrando como cada fenômeno existe, por sua vez, como mera imputação da mente e não existe do seu próprio lado.

Esse ensinamento vai ao coração da realidade, e compreender e realizar plenamente seu significado é a chave para libertar a mente da ignorância do agarramento ao em-si e alcançar verdadeira paz interior.

Ao longo dos séculos, grandes eruditos mahayana – especialmente Nagarjuna e Chandrakirti – elucidaram o significado dos sutras Perfeição de sabedoria em seus comentários.

No livro Oceano de Néctar, Geshe Kelsang dá prosseguimento a essa nobre tradição oferecendo uma explicação ao famoso comentário de Chandrakirti Guia ao Caminho do Meio.

Com uma clareza e uma visão impressionantes, ele nos guia passo a passo por uma matriz de assuntos profundos, facilitando a compreensão para o leitor moderno e trazendo o caminho Mahayana ao alcance de todos nós.

“Esse importante trabalho retribui lindamente a leitura atenta requerida para saborear plenamente o texto”. — THE MIDDLE WAY


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Tudo é Meramente Imputado pela Mente

Chandrakirti, em seu comentário à obra Quatrocentos, de Aryadeva, e Je Tsongkhapa, em Iluminação Clara da Intenção, utilizam a analogia de uma cobra imaginada para mostrar como todos os fenômenos são meramente designados, ou imputados, pelo pensamento. Um homem, andando por um campo ao anoitecer, depara-se com um rolo de corda raiada sobre a grama e, confundindo-o com uma cobra, desenvolve medo. Embora uma cobra apareça vividamente à sua mente, essa cobra não existe do seu próprio lado. Ela é, meramente, uma projeção da sua mente, designada por pensamento conceitual na dependência da corda. Para além disso, nenhuma cobra pode ser encontrada, porque nem o rolo de corda como um todo nem qualquer parte dele é uma cobra.
Exatamente do mesmo modo, todos os fenômenos são meramente designados por pensamento conceitual. Por exemplo, o eu não existe do seu próprio lado – ele é, meramente, uma projeção da mente, designado por pensamento conceitual na dependência dos agregados. Se tentarmos encontrar um eu que seja diferente da mera designação conceitual “eu”, não seremos bem-sucedidos, porque nem a coleção (ou conjunto) dos agregados, tampouco qualquer agregado individual é o eu. Fenômenos existentes, tais como o eu, diferem da cobra imaginada no sentido de serem designações válidas, mas não há diferença do ponto de vista de serem meramente designados por pensamento conceitual.
Na analogia, porque o homem enxerga a corda no crepúsculo, ele apreende equivocadamente uma cobra e desenvolve medo. Para remover esse medo, ele precisa remover a mente que apreende uma cobra por compreender que não há uma cobra ali. Mesmo assim, se a corda for deixada no mesmo lugar, há o risco de que o homem da analogia cometa o mesmo equívoco no futuro. A única maneira de evitar esse perigo é removendo a corda. De modo semelhante, os seres vivos observam seus agregados na escuridão da sua ignorância e, equivocadamente, apreendem um eu inerentemente existente. Essa mente, que se aferra a um eu inerentemente existente, é a raiz do samsara e a fonte de todo o medo. Para remover os medos do samsara, precisamos remover essa mente através de realizar que não há um eu inerentemente existente. Mesmo assim, haverá o perigo de que a mente que se aferra a um eu inerentemente existente volte a se manifestar se continuarmos a nos aferrar a agregados inerentemente existentes. Por essa razão, a única maneira de removermos inteiramente os medos do samsara é, primeiro, realizar a ausência de existência inerente do eu e, depois, realizar a ausência de existência inerente dos agregados.
Novamente, podemos usar outras analogias, tais como: enxergar uma aranha na parede onde há apenas uma mancha, enxergar uma pessoa à distância onde há apenas uma pilha de pedras, ou gerar medo durante um filme. Por contemplar essas analogias, podemos compreender como todos os fenômenos são meramente designados pelo pensamento.

© Geshe Kelsang Gyatso & New Kadampa Tradition