Verdade última – Vacuidade

Extraído de Como Transformar a sua vida por Venerável Geshe Kelsang Gyatso.

A vacuidade não é um “nada”, mas é a real natureza dos fenômenos.
Verdade última, vacuidade e natureza última dos fenômenos são o mesmo.

É preciso saber que todos os nossos problemas surgem porque não compreendemos a verdade última. Permanecemos na prisão do samsara porque, devido às nossas delusões, continuamos a nos envolver em ações contaminadas. Todas as nossas delusões surgem da ignorância do agarramento ao em si.

A ignorância do agarramento ao em si é a fonte de todos os nossos problemas e negatividades, e a única maneira de erradicá-la consiste em realizar a vacuidade. Não é fácil compreender a vacuidade, mas é extremamente importante nos esforçarmos para fazê-lo. Nossos esforços serão, por fim, recompensados com a cessação permanente do sofrimento e com o êxtase incessante da plena iluminação.

O propósito de compreender a vacuidade e meditar sobre ela é livrar nossa mente de concepções errôneas e aparências equivocadas, para que venhamos a nos tornar um ser completamente puro, ou iluminado.

Neste contexto, o termo “concepção errônea” refere-se à ignorância do agarramento ao em si – uma mente conceitual que se agarra aos objetos como se fossem verdadeiramente existentes; e “aparência equivocada” refere-se à aparência de existência verdadeira dos objetos. Concepções errôneas são obstruções à libertação e aparências equivocadas são obstruções à onisciência. Só um Buda abandonou ambas as obstruções.

Existem dois tipos de agarramento ao em si: de pessoas e de fenômenos. Com o primeiro, agarramo-nos ao nosso próprio eu e ao eu dos outros como se fossem verdadeiramente existentes; com o segundo, agarramo-nos aos demais fenômenos como se fossem verdadeiramente existentes. As mentes que apreendem nosso corpo e mente, nossas posses e o mundo como verdadeiramente existentes são exemplos do agarramento ao em si de fenômenos.

A principal finalidade de meditar sobre a vacuidade é reduzir e, por fim, eliminar os dois tipos de agarramento ao em si. O agarramento ao em si é a fonte de todos os nossos problemas; nosso sofrimento é diretamente proporcional à intensidade do nosso agarramento ao em si.

Por exemplo, quando nosso agarramento ao em si está muito forte, ficamos aborrecidos até quando alguém nos provoca de brincadeira, ao passo que em outras ocasiões, quando está mais fraco, podemos até rir com a pessoa que nos provocou. Uma vez que tenhamos destruído por completo nosso agarramento ao em si, todos os nossos problemas desaparecerão naturalmente. Até temporariamente, meditar sobre a vacuidade é muito útil para superarmos ansiedade e preocupações.

Para saber mais sobre a bodhichitta, consultar os livros Novo Manual de Meditação, Novo Coração de Sabedoria, and Oceano de Néctar.